quinta-feira, 16 de junho de 2011

CORPOS HÍGIDOS: O LIMPO E O SUJO NA PARAÍBA (1912-1924)

Resenha:
Soares Júnior, Azemar dos Santos. Corpos hígidos: o limpo e o sujo na Paraíba (1912-1924)/ Azemar dos Santos Soares júnior.- - João Pessoa : [s.n.], 2011.

Corpos hígidos é bem montado e estruturado, de leitura simples e não tediosa tem como tema central higiene e higienização na Paraíba. Aqui vamos nos ater apenas aos dois primeiros capítulos: “Perseguindo os bons e maus odores do corpo” e “os cheiros da cidade e a modelação dos sentidos”, assim Azemar dos Santos Soares Júnior introduz o tema a ser discutido nas próximas duzentas páginas, algo que informa estar bem explicado o tema. Logo no início de sua narrativa Soares Júnior conta como escolheu o tema, perguntas como “desde quando seguir o curso histórico da água doméstica ajuda a observar as diferenças entre o asseio e a ojeriza, entre a sujeira e a limpeza? Quando, na Paraíba, percebeu-se a necessidade de ser possuidor do corpo cheiroso? Aonde vão parar as águas sujas que serviram para limpar os corpos dos homens e mulheres que ali viviam?” Fizeram com que ele refletisse e buscasse a pesquisa. Para valorizar a questão do olfato como construtor de conceitos em uma sociedade a autor afirma que “os odores podem provocar fortes reações emocionais” e “o corpo limpo atrai, seduz, encanta. O corpo sujo causa repugnância.” Ele traz a importância do cheiro para a sociedade do século XX. A importância do olfato começa muito cedo - um bebê reconhece a mãe e o alimento pelo cheiro. Um pouco mais tarde, crianças podem utilizar o cheiro para localizar sua roupa na escola, ou se agarram às roupas dos pais quando eles estão ausentes. Assim coloca em ênfase que no início do século XX se teve uma importância maior ao perfumar o corpo, bem como a desodorizar a casa, as ruas e as cidades, já que se tem um corpo cheiroso a casa onde esse corpo ficará também deve ser perfumada.
Ao narrar a escolha sobre o tema o autor deixa bem claro a sua dificuldade para delinear o tema após uma frustrante inviabilização da pesquisa desejada por ele, que não era esta. Para o autor a escolha do corte inicial da pesquisa (1912) foi feita observando a que aconteceu na época: “um momento de forte atuação do Serviço de Higiene Pública no combate à peste bubônica que assolou a Paraíba”, na época foram tomadas inúmeras medidas de contenção ao avanço da doença, sendo forçosa uma higienização na cidade, nas ruas, nas casas, nos corpos. Também para delimitar o fim da pesquisa (tempo) escolhe 1924, neste ano os médicos higienistas paraibanos se reuniram na Semana Médica para discutir saúde, higiene e eugenia eram liderados por Flávio Maroja. Essa foi à trajetória que Soares Júnior passeia para chegar à pesquisa “Corpos hígidos”. Para justificar-se teoricamente Soares Júnior fala de um conhecimento produzido e acumulado pelo ser humano (conceito de cultura histórica). Sobre os documentos usados o autor se utiliza de uma produção historiográfica bem equipada,  jornais e outros documentos não produzidos por historiadores, porém “contribuíram para a veiculação de conhecimento.” Sendo assim encontra nessas fontes: a cidade da Parahyba (João Pessoa século XX), um espaço no qual o corpo ganhava vida, gestos e ações humanas. Para o autor: “O corpo enquanto sujeito histórico possui vida própria, assim, foi esse sujeito que passei a problematizar. Seus corpos são o território de análise.” Descreve um corpo que trabalha, que exala odores, que sente desejos, que caminha pelas ruas da cidade, que se encanta com as lojas, que consome. As pessoas em seu cotidiano simplesmente, sujeito da história. Ao longo do texto, expõe situações de controle exercido sobre o corpo e instituída por diversas formas de poder. São os sofisticados saberes e técnicas do início do século XX.
Ainda Soares Júnior coloca em seu texto os estudos de alguns autores sobre o corpo: Roy Porter (1992), Norbert Elias, Michel Foucault e Georges Vigarello. O sentido de higienizar ganhava novas formas. A insalubridade começava a ser combatida isto fica bem claro nas idéias dos dois primeiros capítulos.
SAMUEL KIM., RODRIGO RIBEIRO E JOSÉ RAFAEL 

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