· Mapeando a História Social brasileira
Para a realização de nossa escrita, tivemos como livros básicos: Do cabaré ao lar de Margareth Rago que aborda a história social, mostrando trabalhadores no Brasil nas fábricas.
Todavia antes da discussão sobre essa obra e sua respectiva autora faremos uma viagem por saberes que recepcionaram estudos no campo da história social.
Em relação aos núcleos de recepção da História Social no Brasil é possível fazer um rápido destaque dos principais centros de excelência que oferecem em sua grade, estudos na área da história social como: a história social da escravidão, história social do trabalho e história social da cultural. Um dos expoentes é a UNICAMP – com seu programa de História Social, dedicando-se ao estudo das relações sociais e seus significados para os diversos sujeitos históricos. A ênfase das pesquisas recai sobre as práticas dos grupos subalternos, suas relações de confronto e solidariedade, bem como sobre os processos de construção de identidades e diferenças. Na História Social da Escravidão Negra, oferece a discussão em que seu interesse primeiro é a pesquisa de espaços e contextos formados por identidades, práticas e pensamentos vinculados à mãe África, propondo uma união entre intelectuais da área nos Departamentos de Antropologia e História.
A proposta da linha de História Social da Cultura é desenvolver uma reflexão política, historiográfica e metodológica sobre o universo da cultura centrada nos sujeitos históricos e em sua diversidade, enfocando os confrontos culturais presentes em diferentes espaços e práticas sociais. Por último temos a linha de História Social do Trabalho, tendo como tema principal o mundo do trabalho, sem que isto signifique uma delimitação rígida dos objetos de pesquisa. Interessam tanto participações individuais quanto coletivas que, de algum modo, apresentem vínculos históricos com as experiências do trabalho.
Dentre os principais nomes, destacamos Robert Wayne Andrew Slenes: professor titular da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de História, com ênfase na História nacional. Atuando principalmente nos seguintes temas: Brasil Império, Escravidão, História Econômica; Na PUC, encontramos estudos que tem como foco a História Social, tendo com destaque a professora Maria Odila e Maria Izilda. Na UFBA destaca-se João José Reis, Antonio Luigi Negro. Na UFC, Frederico de Castro Neves que desenvolve trabalhos na área da História Social do Futebol Cearense, cujo objetivo é buscar compreender as diversas atividades ligadas à formação de uma cultura futebolística no Ceará, a partir da metodologia da História Oral, incluindo os seguintes aspectos: 1) jogadores profissionais e seu envolvimento com o clube, com os dirigentes e com a torcida; 2) torcedores e animadores de torcida; 3) jogadores amadores ou de fim-de-semana; 4) jornalistas
Na história da Saúde e da Doença, visa analisar instituições, práticas de cura e concepções sobre saúde, doença, vida e morte na sociedade cearense, especialmente no século XIX e início do século XX. Baseado na perspectiva de perceber os cuidados com a saúde como práticas sociais determinadas, as atividades se dirigem para os seguintes objetos: 1) práticas de cura, rituais e concepções subjacentes, incluindo conflitos entre práticas e concepções diferentes ou antagônicas; 2) a criação de instituições ligadas aos temas da saúde e da doença, tais como hospitais, asilos e cemitérios. 3) concepções e teorias sobre as doenças, sobre o corpo e sobre a transmissão de doenças (epidemias).
Nossa intenção em buscar realizar este mapeamento tendo por intermédio a recepção das obras de Edward Palmer Thompson em nosso país é para perceber quais os pesquisadores e instituições que foram pioneiras de sua leitura e sua introdução em nossa historiografia.
Já que estamos fazendo uma incursão no estudo da história social no Brasil, faz-se importante conhecermos um pouco sobre seu surgimento.
A História Social inglesa[1] é uma corrente historiográfica que possibilita a ampliação do campo de investigação da pesquisa histórica com a emergência de novos agentes de pesquisa como, por exemplo, crianças prisioneiros, mulheres e camponeses. As origens dessas correntes podem ser encontradas depois da Grande Segunda Guerra Mundial atravéz da intensa atuação dos historiadores comunistas britânicos pela defesa da bandeira do pensamento livre, contra o reacionismo da historiografia tradicional. Esses historiadores fundam 1946, dentro do partido comunista Britânico, o Communist Party Historians Group, que se configura com a ala intelectual formada por historiadores marxistas. Esse grupo rompeu com a tradicional historiografia empirista na Inglaterra.
Em um de seus artigos Antonio Negrão afirma que as primeiras citações de Edward Palmer Thompson no Brasil ocorreram no Rio de janeiro e em São Paulo em meados dos anos 1970. Sobe à influência da leitura do mesmo os estudos antropológicos contribuíram para renovar as pesquisas sobre grupos sociais com expectativas culturais marcadas pelos costumes, inserindo em definitivo a necessidade de considerar as classes sociais em suas mutuas relações de influência e poder.
SAMUEL KIM, RODRIGO RIBEIRO E JOSÉ RAFAEL
[1] Ver MATTOS, Marcelo Badaró. E. P. Thompson no Brasil. Revista outubro. 14, 2. sem 2006.
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